Instalação Party Animal / LIKEarchitects

Contexto

Independentemente do seu evidente valor histórico ou arquitectónico e da sua localização, bem central em Lisboa, a Praça de S. Paulo apenas se tem conseguido afirmar como lugar de passagem a caminho dos bares e clubes alternativos da baixa da cidade – estando paradoxalmente marginal e desertificada bem no centro da cidade.

© Francisco Nogueira

Aproveitando as comemorações do padroeiro da cidade – Santo António – que ocorrem durante todo o mês de Junho, a Ordem dos Arquitectos juntou forças com a Associação Cultural Parafernália, a fim de revitalizar e reactivar este lugar procurando devolvê-lo às rotas culturais da cidade.

© Francisco Nogueira

Conceito

A intervenção concentrou-se no palco principal do evento: um objecto de baixo custo com capacidade para ser o motor deste novo centro de acções culturais – uma peça temporária que seria a estrela de uma praça e de uma festa, feita para receber concertos populares, rock, world music, djs ou noites de fado.

© Francisco Nogueira

Apesar da enorme escala volumétrica desejada para o palco, esta estrutura leve (feita de peças pré-fabricadas modulares), que foi concebida para se impor como um icónico catalisador urbano, soube manter e respeitar a consolidada hierarquia espacial da praça.

© Francisco Nogueira

Tirando partido do uso da cor como impulsionador urbano, o palco assume uma boca cénica vermelha, triangulada e sinuosa. Se as suas formas lembram a histórica “Casa dos Bicos”, muito próxima, e ao mesmo tempo remetem para os balões típicos das festividades do Santo António, a sua cor, forte e vibrante, contrasta com as cores apagadas da cidade antiga.

© Francisco Nogueira

Considerando a implantação, pré-definida, a caixa do palco quis-se desmaterializada, intangível, misturada com as pessoas e com a cidade. Como é apenas uma capa para a chuva, é (plástico) transparente, deixando o monumento histórico por trás dela – a Igreja de S. Paulo – fazer parte da intervenção e dos festejos e, por isso, totalmente visível desde toda a Praça.

© Francisco Nogueira

Durante o dia, a luz do sol de Lisboa torna o têxtil vermelho incandescente e projecta sombras inesperadas e expressivas das estruturas ‘standard PON’ sobre o tecido. À noite, quando as festas do padroeiro de Lisboa incendeiam toda a cidade, o palco ilumina-se, desde o interior, transformando-se numa pitoresca moldura de luz vermelha e sinuosa, que chama para si todas as atenções.

© Francisco Nogueira

Estratégia Construtiva

O curto orçamento obrigou à construção de uma ideia a partir de peças modulares existentes no mercado, que foram alugadas e readaptadas para exterior, sobretudo ao nível do detalhe. Tratou-se de exercício de reinterpretação das possibilidades formais de alguns desses elementos, que passaram a ser estruturados de forma tridimensional para dar corpo e volume à peça, desenhando-se assim moldura cénica, vermelha, que transforma o palco num objecto arquitectónico original.

© Francisco Nogueira

A materialização, propriamente dita, da dinâmica fita vermelha é feita com têxtil impermeável, cortado a laser e estruturado sobre peças ‘standard PON’, tradicionalmente utilizadas em espaços expositivos interiores.

Esquema Conceitual

A retroiluminação da moldura, que permite a alteração radical do efeito do palco no espaço público do dia para a noite, é feita com 20 banais focos de luz, dispostos em cruz.

Corte Transversal

Estratégia Sustentável

Construído a partir de material reutilizado e reutilizável, este projecto parte de uma lógica sustentável, também ela financeira, já que o pequeno investimento extraordinário foi apenas feito nos elementos diferenciadores do projecto.

© Francisco Nogueira

Numa perspectiva urbana e a médio/longo prazo, este projecto foi uma acção temporária que, tendo sido especialmente proveitosa para comunidade local ao longo todo mês de Junho, poderá vir a ter consequências benéficas para o lugar, enquanto espaço integrado na vivência urbana e cultural da cidade, permanecendo, assim, num tempo mais vasto.

© Diogo Aguiar

Ficha técnica:

  • Arquitetos:LIKEarchitects
  • Ano: 2011
  • Área construída: 80 m²
  • Endereço: Praça de S. Paulo Lisboa Portugal
  • Tipo de projeto: Efêmero
  • Operação projetual:Instalação
  • Status:Construído
  • Materialidade: Tecido e Plástico
  • Estrutura: Aço e Otro
  • Localização: Praça de S. Paulo, Lisboa, Portugal

Equipe:

Informação Complementar:

  1. Iluminação : LIKEarchitects
  2. Estrutura e Construção: OutrosMercadus
  3. Sistema Construtivo: Burkhardt Leitner Constructive
  1. Cliente: Ordem dos Arquitectos
  2. Organização : Ordem dos Arquitectos e Associação Parafernália
  3. Principais Materiais: Lona têxtil vermelha, Plástico transparente, sistema constructiv PON, sistema constructiv PILA
  4. Fotografia: Francisco Nogueira, Diogo Aguiar e Teresa Otto
  5. Altura: 6m
  6. Volume:480m3

 

Sobre este escritório
Cita: Joanna Helm. "Instalação Party Animal / LIKEarchitects" 22 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-39061/instalacao-party-animal-likearchitects> ISSN 0719-8906

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